FGTS: novas regras ampliam o uso do saldo no financiamento da casa própria

O uso do FGTS para ajudar no pagamento da casa própria volta a ganhar destaque após uma mudança importante aprovada pelo Conselho Curador do Fundo de Garantia. 

A atualização corrige uma limitação que vinha afetando mutuários que tentavam usar o saldo para amortizar, comprar ou reduzir parcelas do financiamento, especialmente quem firmou contratos nos últimos anos.

A seguir, explicamos o que muda, quem se beneficia e como isso impacta quem já está pagando um imóvel.

O que muda no uso do FGTS no financiamento habitacional

Com a nova regra, todo contrato enquadrado no Sistema Financeiro de Habitação (SFH) pode utilizar o FGTS para amortização, compra ou abatimento das parcelas, desde que o valor do imóvel esteja dentro do teto atualizado de R$ 2,25 milhões.

O SFH é o principal sistema de financiamento residencial do país, formado por recursos do FGTS e da poupança, e opera com juros limitados a 12% ao ano

A principal mudança é que a data de assinatura do contrato deixa de impor restrições. Agora, financiamentos antigos e novos passam a ter os mesmos direitos.

Antes disso, mutuários que financiaram imóveis acima de R$ 1,5 milhão entre 2021 e outubro deste ano ficaram impedidos de usar o FGTS, porque o limite do SFH ainda não havia sido reajustado. 

Isso criava uma diferença de tratamento entre pessoas em condições praticamente idênticas.

Por que essa mudança foi feita

Segundo o Conselho Curador, o objetivo é eliminar uma “assimetria” criada por regras diferentes aplicadas ao longo do tempo. 

Quando o teto do SFH foi elevado, parte dos contratos firmados antes da atualização ficou de fora, e esses consumidores perderam o direito de acessar o fundo.

Com todos os financiamentos agora dentro do mesmo limite, o sistema fica mais coerente e padronizado.

A expectativa é de que o impacto no movimento total do FGTS seja pequeno, em torno de 1%.

A atualização tende a beneficiar principalmente famílias de renda mais alta, que geralmente financiam imóveis de valores maiores.

Como fica para quem já tem um financiamento ativo

Para quem está pagando um imóvel, a liberação do uso do FGTS pode representar um alívio no orçamento. 

Com as novas regras:

  • contratos assinados entre 2021 e outubro deste ano voltam a ter acesso ao FGTS;
  • qualquer financiamento dentro do limite de R$ 2,25 milhões pode receber amortização ou abatimento das parcelas;
  • o trabalhador ganha mais flexibilidade para organizar as finanças e reduzir o saldo devedor.

Essa possibilidade se torna ainda mais relevante em períodos de juros mais altos ou de redução de renda.

Outras mudanças no crédito imobiliário além do FGTS

O ajuste no teto do SFH faz parte de uma reformulação maior do crédito imobiliário. Uma das novidades é a forma como os bancos poderão usar os recursos da poupança.

A partir da nova regra, até 100% do dinheiro depositado na caderneta de poupança poderá ser direcionado ao crédito imobiliário, num processo de transição que começa ainda este ano e será concluído até janeiro de 2027.

Na prática, isso significa que, quanto maior for o volume de recursos mantidos na poupança, maior será a capacidade dos bancos de financiar a compra da casa própria.

O que esperar daqui para frente

Para quem planeja comprar um imóvel, vale acompanhar como os bancos vão ajustar suas ofertas durante a transição do novo modelo. 

Já quem tem um financiamento ativo dentro das condições atualizadas deve procurar a instituição financeira para confirmar se o uso do FGTS já está liberado no contrato.

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