O que é o estresse financeiro que atinge mais da metade dos brasileiros

Estresse financeiro é uma realidade para mais da metade da população brasileira. 

Segundo a 8ª edição do Raio X do Investidor Brasileiro, divulgada pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) em parceria com o Datafolha, 51% dos brasileiros vivem sob alto nível de estresse relacionado ao dinheiro. 

A pesquisa mostra um retrato preocupante da relação da população com as finanças pessoais, revelando que os efeitos desse tipo de pressão vão muito além do bolso, atingindo também a saúde emocional e a qualidade de vida.

O que é estresse financeiro?

O termo estresse financeiro descreve o conjunto de preocupações, angústias e tensões causadas pela dificuldade de lidar com o próprio dinheiro. 

Ele pode surgir por diversos motivos: falta de renda suficiente, endividamento, insegurança em relação ao futuro, ou até mesmo pela ausência de controle e organização das finanças.

Na prática, isso significa viver com medo de contas atrasadas, sentir culpa ao gastar com lazer, ou até perder o sono por não saber como vai fechar o mês. 

O estresse se torna constante, afetando o humor, as relações familiares, a produtividade no trabalho e até a saúde física, já que ansiedade e insônia são sintomas frequentes desse quadro.

Principais causas do estresse financeiro no Brasil

De acordo com a pesquisa da Anbima, os motivos mais comuns apontados pelos brasileiros para o estresse financeiro são:

  • A necessidade de aumentar a renda (84%);
  • Dificuldades para controlar as finanças (83%);
  • O esforço constante para cortar gastos supérfluos (72%).

Além disso, metade da população declara se sentir constantemente pressionada pelos próprios gastos, mesmo quando não tem dívidas em atraso. 

Isso mostra que só o desafio de equilibrar ganhos e despesas, mês após mês, já é suficiente para gerar tensão e preocupação.

Outro ponto relevante do levantamento foi a criação de um novo índice de estresse financeiro, que tornou o diagnóstico mais preciso. 

Antes, as pessoas eram avaliadas apenas com base em como se sentiam, se diziam pouco, medianamente ou muito estressadas. 

Agora, a pesquisa também considera como elas reagem a 12 frases do dia a dia relacionadas ao comportamento financeiro, como: “Estou sempre preocupado em aumentar minha renda” ou “Tenho muito cuidado ao controlar minhas finanças”.

Com essa abordagem mais concreta, foi possível identificar diferenças entre o que as pessoas acreditam e o que realmente vivenciam. 

Um exemplo claro disso: somente 5% dos entrevistados foram classificados com baixo nível de estresse, embora 22% tenham dito que se sentem pouco estressados. 

Isso indica que muitas pessoas subestimam o impacto real das pressões financeiras em sua rotina.

Dívidas e desigualdade aprofundam o estresse

O levantamento mostra que o endividamento é um fator decisivo no aumento do estresse financeiro

Cerca de um terço da população (o que equivale a mais de 50 milhões de pessoas) afirmou ter alguma dívida em atraso em casa. 

Entre essas, 66% relataram estar sob alto estresse financeiro. 

Já entre os que não possuem dívidas, o índice cai para 44%, o que ainda assim é significativo.

A desigualdade social também é um fator agravante. 

O estudo revela que as classes C, D e E são as mais afetadas, pois enfrentam mais dificuldade para equilibrar os gastos do dia a dia com a renda disponível. 

No entanto, a pesquisa também aponta que até mesmo pessoas das classes mais altas relatam níveis elevados de estresse, o que sugere que a falta de educação financeira e de planejamento também contribuem muito para o problema.

Quem mais sofre com o estresse financeiro?

O impacto do estresse financeiro varia entre diferentes grupos da população. 

As mulheres são as mais afetadas: 60% delas relatam alto nível de estresse, contra 41% dos homens. 

As razões para isso podem incluir a sobrecarga com responsabilidades domésticas, menores salários médios e menos acesso a oportunidades de crescimento financeiro.

O recorte por idade também mostra que os grupos em plena fase produtiva são os mais pressionados:

  • 57% dos millennials (29 a 43 anos) vivem alto estresse financeiro
  • 53% da geração X (44 a 63 anos) relatam o mesmo
  • Entre os boomers (64 anos ou mais), o índice é menor: 39%

Esses dados indicam que os maiores níveis de estresse estão entre aqueles que estão trabalhando, criando filhos, pagando contas fixas e tentando poupar; um equilíbrio difícil de manter em meio a um cenário econômico instável.

Como lidar com o estresse financeiro?

Não existe fórmula mágica para eliminar o estresse financeiro, mas algumas ferramentas e práticas podem ajudar a lidar com ele de forma mais saudável e realista:

1. Educação financeira básica

Entender o mínimo sobre organização financeira pode fazer muita diferença. Isso inclui:

  • Saber quanto se ganha e quanto se gasta;
  • Aprender a separar o que é essencial do que é supérfluo;
  • Usar planilhas simples ou aplicativos para controlar o orçamento.

2. Planejamento de curto e médio prazo

Organizar o orçamento do mês, definir metas financeiras e prever despesas futuras ajuda a reduzir a sensação de descontrole. Isso também permite pequenas conquistas, como quitar uma dívida, montar uma reserva de emergência ou fazer uma compra planejada sem culpa.

3. Cortes inteligentes

Reduzir gastos não significa abrir mão de tudo. 

A ideia é eliminar desperdícios, negociar dívidas e reavaliar hábitos que pesam no orçamento sem trazer real benefício. 

Pequenas mudanças podem gerar alívio a longo prazo.

4. Falar sobre dinheiro

Muitas vezes, o estresse financeiro se agrava pelo isolamento. 

Conversar com amigos, familiares ou mesmo com um profissional pode ajudar a encontrar soluções e reduzir a carga emocional. 

5. Evitar comparações

A pressão social para consumir e mostrar uma vida “bem-sucedida” nas redes sociais pode aumentar ainda mais a frustração financeira. 

Cada pessoa tem uma realidade diferente, e o foco deve estar em melhorar a própria saúde financeira, sem se basear nos padrões alheios.

6. Buscar apoio institucional

Em alguns casos, é possível procurar ajuda em programas de renegociação de dívidas, iniciativas de educação financeira ou até em projetos públicos de orientação. 

Essas ferramentas podem facilitar o recomeço e ajudar a sair do ciclo de estresse constante.

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