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Os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que o desmatamento no Cerrado vem crescendo de forma alarmante nos últimos anos. De acordo com um relatório divulgado em maio de 2023, houve um aumento de 14,5% no desmatamento entre janeiro e abril deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.
Esse é o maior índice de desmatamento registrado nos últimos cinco anos. Além disso, os alertas de desmatamento em abril foram 31% mais intensos do que em 2022.
Embora a perda da cobertura vegetal nativa do Cerrado represente uma ameaça à biodiversidade e aos povos tradicionais da região, ela também pode levar a crises mais amplas no fornecimento de recursos básicos.
A falta de água, energia e alimentos pode se tornar um problema cada vez mais comum se não tomarmos medidas para proteger esse bioma vital.
A falta do cerrado agravará crise hídrica
Segundo Rosângela Corrêa, diretora do Museu do Cerrado e professora da Universidade de Brasília, a perda da cobertura vegetal do Cerrado pode provocar mais calor e seca na região; o que seria, por sua vez, um prejuízo inegável para o agronegócio, além, é claro, para a população.
De acordo com dados do Museu do Cerrado, o bioma abriga mais de 131 mil nascentes, tornando-se uma das mais importantes fontes de água do país.
No entanto, vale ressaltar que a degradação desse ecossistema pode ter impactos significativos em outras regiões.
Por exemplo, a Bacia do Paraná, que é responsável pela maior parte da geração de energia elétrica no país, depende de vários rios que nascem em áreas de Cerrado.
Em 2021, essa bacia sofreu a menor vazão já registrada, aumentando o risco de apagões no sistema elétrico brasileiro.
O ativista ambiental Nicolas Behr alerta que a substituição do ecossistema do Cerrado pode afetar ainda mais o regime das chuvas, prejudicando a produção de energia elétrica.
Cerrado em alerta
O Cerrado é uma das regiões mais importantes do Brasil em termos de biodiversidade e recursos hídricos. Infelizmente, a conversão de suas terras para a agricultura tem sido prejudicial para o ecossistema.
A exploração generalizada do bioma diminuiu a disponibilidade e a qualidade da água, afetando não apenas a savana, mas também as grandes cidades.
O desmatamento para dar lugar a pastagens para gado, plantações de cana-de-açúcar, eucaliptos, soja e algodão prejudicou as nascentes e os reservatórios naturais, deixando os aquíferos subterrâneos com pouca ou nenhuma água.
Isso afetou o abastecimento das diversas nascentes que alimentam as bacias hidrográficas.
Crédito: Valor Econômico