De acordo com recente Pesquisa Nacional de Cartões de Crédito (PNCC), apresentada pelo Valor Econômico, as fintechs estão conquistando uma fatia cada vez maior do mercado, embora a maioria dos usuários ainda mantenha conta em instituições tradicionais.
Os dados mostram uma diminuição significativa no percentual de usuários com conta exclusivamente em bancos tradicionais, passando de 74% para 69,4% em relação ao ano passado.
Por outro lado, aproximadamente 30,6% dos usuários possuem conta em algum banco digital, um número que salta para 50,5% entre os usuários com menos de 30 anos.
Nas diferentes classes de renda, observa-se que o Nubank lidera entre aqueles com renda mais baixa, enquanto o Bradesco e o C6 Bank são preferidos por aqueles com rendas mais elevadas.
Mais detalhes da pesquisa: cartões, preferências, satisfação e lealdade
A pesquisa também revelou que um terço dos usuários de cartão de crédito paga alguma taxa para a manutenção da conta, sendo que as taxas são mais altas nas instituições tradicionais e cooperativas, enquanto as instituições digitais oferecem taxas quase nulas.
Quanto às preferências dos usuários, as instituições tradicionais ainda são as mais lembradas, mas as cooperativas se destacam devido às taxas mais baixas e ao sentimento de pertencimento que proporcionam aos usuários.
O estudo também revela uma variação significativa nas preferências dos consumidores de acordo com a faixa de renda.
Como sinalizado antes, o Nubank se destaca como o banco preferido entre as classes D/E, que possuem uma renda mensal de até R$ 1.964.
No entanto, a preferência pelo banco do “cartão roxinho” diminui consideravelmente nas classes A/B1, que têm uma renda superior a R$ 10.361.
Nessas faixas de renda mais elevadas, Bradesco e C6 Bank ganham destaque como as opções preferidas pelos consumidores.
Em relação à satisfação geral, as cooperativas, Nubank, Inter e PagBank obtiveram os melhores resultados no Net Promoter Score (NPS), uma métrica que avalia a lealdade dos usuários.
Embora as instituições tenham sido bem avaliadas em termos de segurança, menos da metade dos entrevistados se mostraram satisfeitos com os serviços de empréstimos, financiamentos e investimentos oferecidos pelos bancos.
Nas categorias de crédito e investimentos, as cooperativas e fintechs obtiveram melhores resultados em comparação com os bancos tradicionais.
Contas ainda mantidas nos “bancões” tem a ver com relacionamento antigo; mas fintechs são alternativas promissoras
A concentração de contas que ainda existem nos chamados “bancões”, ou seja, nos grandes bancos tradicionais, tem a ver com questões bem específicas.
Especialistas apontam que esse fenômeno está ligado ao relacionamento antigo e estabelecido entre os clientes e essas instituições, que muitas vezes oferecem uma ampla gama de serviços, presença física e uma sensação de segurança.
Mas como os números mostram, essa fidelidade aos grandes bancos aos poucos perde força, e isso tem a ver com algumas falhas do sistema tradicional.
Um dos principais problemas enfrentados pelos clientes é a burocracia excessiva e as longas filas em agências físicas, que muitas vezes resultam em uma experiência frustrante e demorada.
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Além disso, as taxas e tarifas cobradas pelos bancos tradicionais costumam ser altas, o que impacta diretamente o bolso dos usuários.
É nesse contexto que as fintechs, ou bancos digitais, surgiram como uma alternativa promissora.
Essas instituições financeiras inovadoras, que operam de forma totalmente digital, oferecem uma experiência mais ágil, transparente e com taxas mais baixas.
Por meio de aplicativos móveis intuitivos, os clientes têm acesso aos serviços bancários.
No entanto, apesar das vantagens oferecidas pelos bancos digitais, ainda há desafios a serem superados.
Um deles é o engajamento dos usuários com produtos além do cartão de crédito.
Muitas vezes, as fintechs conseguem conquistar clientes por meio de ofertas atraentes de cartões de crédito sem anuidade e programas de cashback, mas ainda precisam expandir sua oferta de produtos e serviços para se tornarem uma solução financeira completa.
Outro desafio enfrentado pelas fintechs é a confiança dos clientes.
Apesar de sua proposta moderna e tecnológica, algumas pessoas ainda têm receios em relação à segurança e à estabilidade dessas instituições financeiras digitais, especialmente quando comparadas aos bancos tradicionais com décadas de existência.