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Conforme relatório divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e como já era esperado, a inflação no Nordeste tem afetado drasticamente as famílias mais pobres. Nos últimos três anos, a inflação brasileira bateu de forma desigual nas famílias de baixa renda, especialmente para as residentes na região Nordeste, com destaque para o aumento significativo dos preços dos alimentos.
Mais pobres são mais afetados
De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Regional (IPC-Regional), produzido pelo Instituto Brasileiro de Economia da FGV, a inflação sentida pelas famílias com renda mensal de até 1,5 salário mínimo na região nordestina atingiu 26,46% no período entre janeiro de 2020 e março de 2023.
Para o restante do país esse mesmo grupo de renda familiar apresentou uma inflação de 23,51%.
O estudo também evidencia que as famílias de baixa renda destinam a maior parte de seu orçamento para a alimentação, enquanto as famílias com renda mais alta gastam mais em serviços, o que influencia na variação da inflação entre os grupos.
Na região Nordeste, a alimentação representa uma parcela maior da cesta de consumo das famílias de baixa renda, cerca de 30,65%, enquanto a média nas demais regiões do país para esse mesmo grupo familiar é de 23,41%.
Alimentação é principal fonte de inflação
As principais fontes de pressão inflacionária no período foram o óleo de soja (119,02%), arroz (80,41%), milho para pipoca (76,46%), farinha de mandioca (74,45%), açúcar cristal (59,71%), margarina (59,43%), linguiça (58,49%), ovos (56,48%), leite em pó (54,05%) e pão francês (46,37%).
Além disso, outras despesas tiveram impacto significativo no orçamento dos nordestinos mais pobres, como a habitação, que registrou uma alta de 25,80% no período, comparado a 19,98% para essa mesma faixa de renda em outras regiões do país.
Destacam-se os aumentos do gás de cozinha (61,90%), material de limpeza (39,86%) e energia elétrica (23,99%).
Em relação ao transporte, os nordestinos mais pobres tiveram um aumento de 18,32% entre janeiro de 2020 e março de 2023, enquanto essa despesa subiu em média 16,20% nas demais regiões para essa mesma faixa de renda.
Essa variação foi impulsionada pelos reajustes do preço do diesel (55,88%) e da gasolina.
A FGV ressalta que as diferenças na inflação são influenciadas por diversos fatores, como hábitos de consumo, impostos, transporte, clima e outros, o que faz com que a variação da inflação não seja uniforme para todos.
As famílias de diferentes classes sociais também tendem a perceber diferenças na variação dos preços.