Lula quer unificar moeda com Argentina (governo Bolsonaro também queria); será isso bom?

É verdade que Lula quer unificar moeda com a Argentina. Mas o que seria uma moeda comum na América do Sul? Isso é bom ou ruim? São dúvidas que ficam no ar após o primeiro anúncio feito pelo presidente brasileiro e o presidente Alberto Fernández, da Argentina. Entenda tudo aqui no Guia do Ex-Negativado.

O que a princípio não passava do campo da especulação, agora se torna oficial. Existe, sim, um estudo interno para a criação de uma moeda comum para membros do Mercosul.

Lula e Fernández assinam artigo oficial conjunto sobre moeda comum

Na primeira viagem internacional do presidente Lula, em sua terceira gestão, o assunto ‘moeda comum’ para a América do Sul é visto como fundamental pelos dois presidentes como forma aumentar a força sul-americana no mercado mundial.

Os dois presidentes assinaram um artigo, para uma revista argentina (Perfil), falando que:

“Pretendemos quebrar as barreiras em nossas trocas, simplificar e modernizar as regras e incentivar o uso de moedas locais. Também decidimos avançar nas discussões sobre uma moeda sul-americana comum que possa ser usada tanto para fluxos financeiros quanto comerciais, reduzindo custos operacionais e nossa vulnerabilidade externa. Trabalharemos juntos para resgatar e atualizar a Unasul, com base em seu inegável legado de conquistas. Argentina e Brasil estão firmemente comprometidos em construir uma América do Sul forte, democrática, estável e pacífica”.

Então, Lula quer mesmo unificar moeda com a Argentina

Lula quer criar uma moeda com a Argentina e outros países da América do Sul, que seria utilizada comumente em todos os membros sul-americanos que a adotassem como forma de aumentar a força da região no mercado.

Porém, essa moeda não iria extinguir o real, o peso argentino e nenhuma outra moeda nos países da América do Sul.

Paulo Guedes e Jair Bolsonaro já haviam sinalizado positivamente para a mesma moeda

Durante reuniões em 2019, o então presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PL) e o ministro da Economia, Paulo Guedes, com o ex-presidente da Agentina, Maurício Macri, já haviam sinalizado positivamente para uma moeda comum.

O próprio Bolsonaro foi quem fez essa afirmação, no dia 7 de junho de 2019.

“Esse foi o primeiro passo para o sonho de uma moeda única. Como aconteceu o euro lá atrás, pode acontecer o peso real aqui. Meu forte não é economia, mas acreditamos no feeling, na bagagem, no conhecimento e no patriotismo do Paulo Guedes nessa questão também”.

O que é uma moeda comum?

Trata-se de mais uma opção, uma moeda comum entre os países que possa ser utilizada de forma oficial entre todos eles, mas sem assumir posição de moeda principal. Não seria como o Euro, que é uma moeda única para vários países europeus.

Como destacado acima, nada aconteceria com o real caso uma moeda comum sul-americana fosse adotada neste momento.

Para Lula e Fernández, a adoção de uma moeda comum pode ajudar a aumentar a estabilidade econômica e facilitar o comércio entre os países que a usam.

Afinal, uma moeda comum na América do Sul seria algo bom ou ruim?

Primeiramente, podemos afirmar que a criação de uma moeda única entre países é uma questão complexa e requer uma cooperação econômica e política significativa entre as nações envolvidas.

Além disso, a Argentina enfrenta atualmente problemas econômicos significativos, incluindo uma alta inflação e dívida externa elevada. De forma semelhante está o Brasil, que também vive anos consecutivos marcados por inflação. Sendo assim, uma moeda comum entre países com problemas econômicos é uma questão desafiadora.

O que dizem os especialistas:

O economista e ex-diretor do Banco Central do Brasil, Alexandre Schwartsman vê uma moeda comum como algo sem sentido. Em 2019, ele já acreditava que seria uma “péssima ideia”. Em 2022, ele reafirma sua posição.

Em 2019 eu achava que a ideia de Paulo Guedes (moeda com a Argentina) não prestava. Já hoje tenho plena certeza que não presta”, afirmou Schwartsman, em seu perfil no Twitter.

O economista também afirma que nem uma moeda única e nem uma moeda comum fariam sentido entre Brasil e Argentina.

Por sua vez, o economista Thomaz Sarquis, da Eleven Financial, também é contra a ideia. Ele já havia dito em entrevista à CNN Brasil em 2022:

O grande problema é a falta de autonomia monetária. Quando o Banco Central Europeu sobe os juros, por exemplo, a alta vale para toda a moeda euro. No nosso caso, em uma política como esta, o Brasil estaria dependente da situação fiscal da Argentina para definir o aumento dos juros, visto que o risco seria percebido como sendo do bloco”.

O PhD em economia pela Cornell University, Marcelo Kfoury, e o professor de economia da FEA-USP, Simão Silber, também declararam posições contrárias à moeda comum, na mesma reportagem feita pela CNN Brasil.

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