O Drama das Famílias: Quase 13% Não Conseguem Quitar Nenhuma de Suas Dívidas

Os dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), elaborada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) e divulgada na última quinta-feira (5), mostram que, no mês de novembro, o endividamento das famílias brasileiras seguiu em alta. 

Além disso, aumentou o número das famílias que não têm recursos para pagar suas dívidas. 

Os dados indicam que os brasileiros com menor renda são os mais prejudicados, enfrentando dificuldades significativas para manter o equilíbrio financeiro e quitar contas essenciais. 

Vamos entender os números e os conceitos que revelam os desafios das famílias brasileiras, com destaque para aqueles que possuem menos recursos.

Entendendo endividamento e inadimplência

Antes de analisar os números, é importante entender dois conceitos essenciais:

  • Endividamento: 

Significa que a família tem algum tipo de obrigação financeira ativa. 

Isso inclui o uso de cartões de crédito, empréstimos pessoais, financiamentos, carnês e outras formas de dívida. 

Estar endividado não significa, necessariamente, estar com pagamentos atrasados, mas indica que a família tem compromissos financeiros em andamento.

  • Inadimplência: 

Refere-se ao atraso no pagamento das obrigações financeiras. 

Quando uma conta não é paga no prazo correto, como aluguel, serviços essenciais (água, luz, internet) ou parcelas de empréstimos e financiamentos, a família está considerada inadimplente. 

Isso traz consequências diretas, como cortes de serviços, negativação do nome e impacto na reputação financeira.

Dívidas: Número de famílias com contas atrasadas chega a 29,4%

A pesquisa revelou que muitas famílias estão enfrentando dificuldades financeiras:

  • 29,4% das famílias brasileiras têm contas em atraso, o que significa que quase um terço das famílias não conseguiu pagar as obrigações no prazo correto.

Esse percentual é o mais alto desde outubro do ano passado, destacando o cenário instável das finanças das famílias brasileiras.

Esses dados mostram que muitas famílias não têm recursos suficientes para cobrir despesas essenciais e acabam acumulando problemas financeiros, o que compromete sua estabilidade e qualidade de vida.

12,9% das famílias não têm recursos para quitar nenhuma dívida

Outro dado alarmante é o percentual das famílias que não têm dinheiro para resolver nenhuma obrigação financeira:

  • 12,9% das famílias brasileiras não possuem recursos para pagar nenhuma dívida.

Esse número cresceu em relação ao mês anterior (12,6%) e ao mesmo mês do ano anterior (12,5%).

Isso significa que essas famílias não têm reservas financeiras e enfrentam decisões difíceis sobre quais contas pagar e quais compromissos deixar sem solução, muitas vezes podendo enfrentar cortes de serviços essenciais.

Endividamento das famílias aumenta para 77%

O endividamento das famílias brasileiras também apresentou um aumento:

  • 77% das famílias estão endividadas, um crescimento em relação aos 76,6% registrados no mesmo mês do ano anterior.

Esse aumento reflete o uso do crédito em várias situações cotidianas, como compras, pagamentos e necessidades inesperadas. 

Muitas famílias recorrem ao crédito para resolver questões imediatas e acabam acumulando obrigações que comprometem o orçamento ao longo do tempo.

Famílias de menor renda enfrentam o maior endividamento e inadimplência

As famílias com menor renda são as mais afetadas:

  • 81,1% das famílias que recebem até 3 salários mínimos estão endividadas, o maior percentual entre todas as faixas de renda.
  • Além disso, essas famílias apresentam o maior percentual de inadimplência, com 37,5% relatando contas atrasadas e 18,5% afirmando não ter condições de quitar débitos.

Essa situação reflete a dificuldade dessas famílias em gerenciar o orçamento, já que suas rendas limitadas dificultam o pagamento das contas essenciais e o uso do crédito se torna uma necessidade constante.

Famílias com renda alta têm menos endividamento e inadimplência

Por outro lado, as famílias que possuem renda superior (acima de 10 salários mínimos) mostram maior equilíbrio financeiro:

  • Nessas famílias, o endividamento caiu para 66,7%, um percentual menor do que em outros grupos.
  • Apenas 14,6% relataram contas atrasadas, e apenas 5% disseram não ter recursos para fazer os pagamentos.

Modalidades de crédito: cartão de crédito, crédito pessoal e carnês

O cartão de crédito continua sendo a principal forma de dívida, representando 83,8% das famílias endividadas.

No entanto, houve um declínio de 3,9 pontos percentuais em relação ao ano passado nessa modalidade.

Em contraste, o crédito pessoal teve um crescimento de 2,5 pontos percentuais, tornando-se cada vez mais utilizado.

Os carnês, embora ainda relevantes, perderam espaço em relação ao ano anterior.

Dívidas: Estratégias para controlar o endividamento e evitar a inadimplência

Para as famílias que não têm muitos recursos financeiros sobrando, é crucial adotar estratégias práticas e realistas para melhorar sua situação econômica, tanto no que se refere ao endividamento quanto à inadimplência.

Renegociar prazos é uma alternativa importante. Conversar com bancos e empresas pode garantir prazos maiores e taxas de juros menores, facilitando o pagamento das dívidas e evitando o acúmulo de atrasos. Essa abordagem ajuda a reduzir o impacto das prestações mensais no orçamento.

Procurar melhores condições de crédito no mercado também é fundamental. Optar por empréstimos e financiamentos com taxas de juros mais baixas pode melhorar a capacidade das famílias de pagar suas contas e reduzir o endividamento excessivo.

Outra medida eficaz é cortar gastos desnecessários. Pequenas mudanças no dia a dia podem fazer diferença no orçamento. Por exemplo:

  • Reduzir despesas com serviços, como água, luz e telefone
  • Revisar pacotes de internet e telefonia para encontrar opções mais baratas
  • Eliminar compras supérfluas e optar apenas pelo que é realmente necessário

Manter um orçamento detalhado também ajuda bastante. Saber exatamente para onde o dinheiro está indo permite que as famílias priorizem os pagamentos essenciais, como contas de água, luz, alimentação e aluguel, e negociarem prazos e condições com fornecedores e bancos.

Além disso, usar o crédito de forma consciente é um ponto importante.

Evitar o uso excessivo do cartão e buscar modalidades de crédito com taxas de juros mais baixas pode ajudar a não comprometer grande parte da renda.

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