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Os dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), elaborada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) e divulgada na última quinta-feira (5), mostram que, no mês de novembro, o endividamento das famílias brasileiras seguiu em alta.
Além disso, aumentou o número das famílias que não têm recursos para pagar suas dívidas.
Os dados indicam que os brasileiros com menor renda são os mais prejudicados, enfrentando dificuldades significativas para manter o equilíbrio financeiro e quitar contas essenciais.
Vamos entender os números e os conceitos que revelam os desafios das famílias brasileiras, com destaque para aqueles que possuem menos recursos.
Entendendo endividamento e inadimplência
Antes de analisar os números, é importante entender dois conceitos essenciais:
- Endividamento:
Significa que a família tem algum tipo de obrigação financeira ativa.
Isso inclui o uso de cartões de crédito, empréstimos pessoais, financiamentos, carnês e outras formas de dívida.
Estar endividado não significa, necessariamente, estar com pagamentos atrasados, mas indica que a família tem compromissos financeiros em andamento.
- Inadimplência:
Refere-se ao atraso no pagamento das obrigações financeiras.
Quando uma conta não é paga no prazo correto, como aluguel, serviços essenciais (água, luz, internet) ou parcelas de empréstimos e financiamentos, a família está considerada inadimplente.
Isso traz consequências diretas, como cortes de serviços, negativação do nome e impacto na reputação financeira.
Dívidas: Número de famílias com contas atrasadas chega a 29,4%
A pesquisa revelou que muitas famílias estão enfrentando dificuldades financeiras:
- 29,4% das famílias brasileiras têm contas em atraso, o que significa que quase um terço das famílias não conseguiu pagar as obrigações no prazo correto.
Esse percentual é o mais alto desde outubro do ano passado, destacando o cenário instável das finanças das famílias brasileiras.
Esses dados mostram que muitas famílias não têm recursos suficientes para cobrir despesas essenciais e acabam acumulando problemas financeiros, o que compromete sua estabilidade e qualidade de vida.
12,9% das famílias não têm recursos para quitar nenhuma dívida
Outro dado alarmante é o percentual das famílias que não têm dinheiro para resolver nenhuma obrigação financeira:
- 12,9% das famílias brasileiras não possuem recursos para pagar nenhuma dívida.
Esse número cresceu em relação ao mês anterior (12,6%) e ao mesmo mês do ano anterior (12,5%).
Isso significa que essas famílias não têm reservas financeiras e enfrentam decisões difíceis sobre quais contas pagar e quais compromissos deixar sem solução, muitas vezes podendo enfrentar cortes de serviços essenciais.
Endividamento das famílias aumenta para 77%
O endividamento das famílias brasileiras também apresentou um aumento:
- 77% das famílias estão endividadas, um crescimento em relação aos 76,6% registrados no mesmo mês do ano anterior.
Esse aumento reflete o uso do crédito em várias situações cotidianas, como compras, pagamentos e necessidades inesperadas.
Muitas famílias recorrem ao crédito para resolver questões imediatas e acabam acumulando obrigações que comprometem o orçamento ao longo do tempo.
Famílias de menor renda enfrentam o maior endividamento e inadimplência
As famílias com menor renda são as mais afetadas:
- 81,1% das famílias que recebem até 3 salários mínimos estão endividadas, o maior percentual entre todas as faixas de renda.
- Além disso, essas famílias apresentam o maior percentual de inadimplência, com 37,5% relatando contas atrasadas e 18,5% afirmando não ter condições de quitar débitos.
Essa situação reflete a dificuldade dessas famílias em gerenciar o orçamento, já que suas rendas limitadas dificultam o pagamento das contas essenciais e o uso do crédito se torna uma necessidade constante.
Famílias com renda alta têm menos endividamento e inadimplência
Por outro lado, as famílias que possuem renda superior (acima de 10 salários mínimos) mostram maior equilíbrio financeiro:
- Nessas famílias, o endividamento caiu para 66,7%, um percentual menor do que em outros grupos.
- Apenas 14,6% relataram contas atrasadas, e apenas 5% disseram não ter recursos para fazer os pagamentos.
Modalidades de crédito: cartão de crédito, crédito pessoal e carnês
O cartão de crédito continua sendo a principal forma de dívida, representando 83,8% das famílias endividadas.
No entanto, houve um declínio de 3,9 pontos percentuais em relação ao ano passado nessa modalidade.
Em contraste, o crédito pessoal teve um crescimento de 2,5 pontos percentuais, tornando-se cada vez mais utilizado.
Os carnês, embora ainda relevantes, perderam espaço em relação ao ano anterior.
Dívidas: Estratégias para controlar o endividamento e evitar a inadimplência
Para as famílias que não têm muitos recursos financeiros sobrando, é crucial adotar estratégias práticas e realistas para melhorar sua situação econômica, tanto no que se refere ao endividamento quanto à inadimplência.
Renegociar prazos é uma alternativa importante. Conversar com bancos e empresas pode garantir prazos maiores e taxas de juros menores, facilitando o pagamento das dívidas e evitando o acúmulo de atrasos. Essa abordagem ajuda a reduzir o impacto das prestações mensais no orçamento.
Procurar melhores condições de crédito no mercado também é fundamental. Optar por empréstimos e financiamentos com taxas de juros mais baixas pode melhorar a capacidade das famílias de pagar suas contas e reduzir o endividamento excessivo.
Outra medida eficaz é cortar gastos desnecessários. Pequenas mudanças no dia a dia podem fazer diferença no orçamento. Por exemplo:
- Reduzir despesas com serviços, como água, luz e telefone
- Revisar pacotes de internet e telefonia para encontrar opções mais baratas
- Eliminar compras supérfluas e optar apenas pelo que é realmente necessário
Manter um orçamento detalhado também ajuda bastante. Saber exatamente para onde o dinheiro está indo permite que as famílias priorizem os pagamentos essenciais, como contas de água, luz, alimentação e aluguel, e negociarem prazos e condições com fornecedores e bancos.
Além disso, usar o crédito de forma consciente é um ponto importante.
Evitar o uso excessivo do cartão e buscar modalidades de crédito com taxas de juros mais baixas pode ajudar a não comprometer grande parte da renda.
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