Lula reforça críticas contra o Banco Central; Campos Neto se posiciona em defesa

A relação do presidente da República Lula e o Banco Central não vem sendo uma das mais amigáveis no início da gestão. O Guia do Ex-Negativado mostra o que o líder do Executivo vem falando sobre o Bacen, assim como a resposta dos executivos do órgão.

Os primeiros meses de retorno de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência são marcados por embates diretos com o Banco Central. São reclamações sobre a forma como o Banco tem atuado para a economia brasileira. Confira as falas do presidente mais abaixo.

Lula e o Banco Central: veja as falas

Na opinião do chefe de Estado, os juros altos são desnecessários e que o presidente do Bacen está buscando um patamar de economia “padrão Europa”, mas que deve pensar em chegar a um “padrão Brasil”.

Isso porque, a taxa básica de juros (Selic) está em um patamar de 13,75% e é mantida dessa forma porque o Banco Central entende que pode controlar a inflação com juro alto no país.

A meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional é de uma inflação de 3,7% no país. Para Lula, nesse momento ainda é inviável por entender que, primeiro, a economia deve crescer.

Você estabelecer uma meta de inflação de 3,7%, quando você faz isso, você é obrigado a arrochar mais a economia para poder atingir aqueles 3,7%. O que nós precisamos nesse instante é o seguinte: a economia brasileira precisa voltar a crescer”.

Lula critica atuação do Banco Central como órgão independente; Campos Neto defende o BC

O presidente da República também já afirmou que o Banco Central como órgão autônomo, sem ingerência política, não fez o que era esperado.

“Nesse país se brigou muito para ter um Banco Central independente, achando que ia melhorar o quê? Eu posso te dizer com a minha experiência, é uma bobagem achar que o presidente do Banco Central independente vai fazer mais do que fez o Banco Central quando o presidente era que indicava”

Em resposta ao presidente da República, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirma que é justamente a autonomia do órgão que permite ficar longe de questões políticas e buscar inovações para o sistema bancário brasileiro.

“A principal razão, no caso da autonomia do Banco Central, é que desconecta o ciclo da política monetária do ciclo político, porque eles têm diferentes durações e interesses. Quanto mais independente você é, mais eficaz você é, menos o país pagará em termos de custo de ineficiência da política monetária”.

Ainda no evento 2023 Milken South Florida Dialogues, Campos Neto citou que a autonomia do BC permitiu, por exemplo, criações do Pix e do open finance, legados da gestão do ex-presidente do BC Ilan Goldfajn, atual presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Mais críticas de Lula ao Banco Central por conta da Selic

Já em evento da posse do novo presidente do BNDES, na última segunda-feira (6), Lula reforçou suas críticas à taxa da Selic, que para ele não faz sentido.

“Como vou pedir que os empresários ligados à Fiesp invistam se eles não conseguem tomar dinheiro emprestado? Esse país tem cultura de viver com juros altos. Quando o Banco Central era dependente de mim, todo mundo reclamava. A taxa a 10% era muito. Não existe justificativa para que a taxa de juros esteja a 13,75%. Se a classe empresarial não se manifestar, eles (Copom) não vão diminuir os juros”.

Comentarista avalia embate entre Lula e BC

Já a comenarista do Bom dia Brasil, da Rede Globo, Ana Flor, acredita que o incômodo de Lula é por Roberto Campos Neto ter sido indicado por Jair Bolsonaro, ex-presidente da República.

Ela acredita também que a relação entre presidência da República e Banco Central precisa ser mais prudente. Caso contrário, pode piorar a situação.

“São demandas importantes, mas que o governo precisa tocar quando as contas estão mais ajustadas. Essas falas acabam fazendo com que a política monetária do Banco Central tenha que ser ainda mais forte”.

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